Câmara debate violência no trânsito em Boa Vista e promete plano de ação
TEXTO: ASCOM/PASTOR GILL ROCHA
A dor causada pelos acidentes de trânsito em Boa Vista ultrapassa o momento do impacto. “A dor não foi na hora do acidente. A dor está sendo agora”, desabafou o corredor Levi Souza, sobrevivente de um atropelamento na entrada do bairro Bom Intento, que vitimou fatalmente seu amigo, José Francisco Gomes, o Ferrinho. O depoimento emocionou os presentes e deu o tom da audiência pública realizada pela Câmara Municipal nesta sexta-feira (23), sobre a crescente violência no trânsito da capital.
A iniciativa partiu do vereador pastor Gill Rocha (Podemos) e reuniu autoridades da segurança pública, saúde, mobilidade urbana e educação, além de vítimas de acidentes e parlamentares. O objetivo foi discutir os índices alarmantes e buscar soluções conjuntas para frear o número de mortes e traumas nas vias urbanas de Boa Vista.
Durante o encontro, dados preocupantes foram apresentados. O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Roraima, Marcelo Aguiar, informou que, somente neste ano, já foram registradas 28 mortes nas estradas federais do Estado — número superior às 25 vítimas fatais de todo o ano passado.
“A fiscalização tem sido intensa. Foram 40 mil veículos e 50 mil pessoas abordadas nos últimos dois anos. Em metade dessas abordagens, identificamos infrações”, revelou.
Segundo ele, a PRF tem intensificado ações com o uso de câmeras e drones, mas o comportamento dos condutores ainda preocupa.
Representando a saúde estadual, Maria Barroso, da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde), chamou atenção para os impactos no sistema de saúde pública. “Falar de trânsito é falar de saúde pública. O acidente não acaba no momento da colisão. A partir dali, novas filas se formam nos hospitais, novos tratamentos de reabilitação são iniciados”, destacou.
Pelo lado do Município, a secretária adjunta de Mobilidade Urbana, Neurimar Macedo, propôs um olhar mais humano sobre a mobilidade. “Temos que trabalhar o comportamento das pessoas. Mobilidade humana, responsabilidade humana. A responsabilidade é de todos nós que fazemos uso das vias”, declarou.
A audiência foi mediada pelo vereador Bruno Perez (MDB) e contou ainda com a presença dos vereadores Prof. Dr. Thiago Reis (PSD), Walkiria Ribeiro (Republicanos), Adjalma Gonçalves (Podemos) e Manoel Neves (Republicanos).
Ao final do encontro, o vereador Gill Rocha garantiu que o debate não ficará restrito às falas da audiência. “Vamos elaborar um relatório com plano de ação, envolvendo as instituições e os dados apresentados aqui, para buscar medidas efetivas de redução dos índices e da gravidade dos acidentes em nossa cidade”.